
O mundo assistiu dois tsunamis nos últimos anos: a crise financeira de 2008, e a crise da pandemia do coronavírus em curso em 2020. A primeira iniciou no lado financeiro para então atingir o lado produtivo da economia; já a segunda atingiu em cheio o setor produtivo para então impactar o setor financeiro. Tanto a economia brasileira quanto a economia mundial foram diretamente atingidas por essas crises. Em ambas medidas extraordinárias foram adotadas, como a adoção de políticas não-convencionais pelo banco central, todas com inspiração Keynes: impressão de moeda para compras de títulos públicos e privados, politicas de gastos públicos para evitar grandes depressões, entre outras medidas. Sempre que uma grande crise surge Keynes retorna. Foi assim em 2008, está sendo assim agora na crise da pandemia global. John Maynard Keynes é um economista britânico que desenvolveu as bases da macroeconomia e os instrumentos de política econômica para enfrentar as crises. Com viés fortemente reformista, Keynes propôs uma nova filosofia social para resolver “os principais problemas da sociedade econômica em que vivemos: […] sua incapacidade para proporcionar o pleno emprego e a sua arbitrária distribuição de renda”. Suas noções de economia monetária em que a moeda é não neutra (“a moeda afeta motivos e decisões dos agentes”), de incerteza radical para o qual o passado não é guia para o presente, e seu princípio de demanda efetiva – empresários decidem produzir e empregar com base nas suas expectativas de venda futura, não havendo qualquer mecanismo que garanta de antemão o pleno emprego – continuam atuais e servem de inspiração para a construção de uma visão de mundo alternativa a ideias liberais.
Neste curso tomamos como ponto de partida os desenvolvimentos teóricos de Keynes e autores pós-keynesianos para entender o funcionamento da política monetária e do sistema financeiro provendo instrumentos analíticos teóricos e práticos visando entender as transformações e desafios do mundo atual e do Brasil. Este curso objetiva analisar o funcionamento da política monetária e do sistema financeiro provendo instrumentos analíticos teóricos e práticos visando entender as transformações e desafios do mundo atual. Ele está voltado para um público amplo, não especializado, razão pelo qual será usada uma linguagem simples, didática e direta. O curso tem 20 horas de conteúdo online e duração média estimada de 3 meses, mas pode ser feito no ritmo que melhor se adequar a cada participante. Cada aula tem duração média de 30 minutos. As aulas podem ser acessadas em smartphones, tablets e desktops e ficarão disponibilizadas na web por até 1 ano, mas esse prazo pode ser ampliado se houver necessidade. O curso tem uma linguagem simples, didática e direta, sem abrir mão do rigor científico. Disponibilizamos também amplo material bibliográfico, dados e gráficos para download que complementam as discussões das aulas. As dúvidas serão respondidas por escrito na área de discussão de cada aula em nossa plataforma EAD usada no curso. As vagas são limitadas pois vamos tirar dúvidas de todos os alunos matriculados.
Parte I: introdução
- Introdução ao pensamento de Keynes
- Keynesianos contra os austríacos
- O que é o dinheiro? Não vivemos na vila de Asterix
- Demanda efetiva e a lei de Say: a oferta não gera sua própria demanda
- Desemprego não se deve ao salário mínimo ou CLT
- Empresarios investem com base em suas crenças: o futuro é incerto
Parte II: o pensamento keynesiano
- Keynes e a teoria da preferência pela liquidez
- O que é a moeda? Uma perspectiva histórica
- Um pouco de história do pensamento: controvérsias monetárias, bullionistas e cartalistas
- Teoria quantitativa da moeda: excesso de moeda gera inflação!
- Monetarismo de Friedman: inflação é sempre um fenômeno monetário
- Keynesianismo da síntese neoclássica: Hicks, Samuelson, Modigliani, Tobin, Solow
- Novos-clássicos: Lucas, Sargent, Prescott, expectativas racionais e o “fim do keynesianismo»
- Pós-keynesianos: retorno a Keynes? Davidson, Minsky, Kregel
- Novo Consenso Macroeconômico e regime de metas de inflação: Mankiw, Stiglitz, Bernanke, Krugman
Parte III: bancos e o sistema financeiro
- Como os bancos se comportam: abordagem convencional versus keynesiana
- Teoria da intermediação financeira convencional: como o banco ganha dinheiro, como diminui risco
- Teoria keynesiana: o circuito finance-funding
- Hipótese de fragilidade financeira de Minsky: pode a grande crise de 1929 acontecer de novo?
- Globalização financeira e as transformações no sistema financeiro
- Bancos de desenvolvimento: teoria e experiência dos países
- Evolução histórica do setor bancário brasileiro nos 60s e 70s
- Evolução histórica do setor bancário brasileiro 80s até 2000s
- Boom e desaceleração recente do crédito no Brasil 2003-2016
Parte IV: conclusão
- Conclusão Paulo Gala
- Conclusão Luiz Fernando de Paula
Bibliografia básica:
Carvalho, F.C. et al. (2015). Economia Monetária e Financeira. 3ª ed. RJ: Campus.
Paula, L.F. (2014). Sistema Financeiro, Bancos e Financiamento da Economia. Rio de Janeiro: Campus.
Link para inscrição: https://www.paulogala.com.br/keynes-e-o-valor-do-dinheiro/