O Grupo de Estudos de Economia e Política (GEEP) do IESP-UERJ tem a satisfação de apresentar seu sétimo Boletim, intitulado “O mundo em crise: reflexões e perspectivas”. Esta edição conta com cinco artigos de pesquisadores do grupo e de convidados especiais. Os parágrafos a seguir oferecem um panorama dos artigos que compõem este Boletim GEEP.
No primeiro artigo, Pedro Barbosa analisa o desenvolvimento das políticas ativas de mercado de trabalho na América Latina em perspectiva comparada com a União Europeia entre 2010 e 2019. Tais políticas tem por objetivo facilitar a inserção dos trabalhadores no mercado de trabalho por meio de distintas iniciativas. Na União Europeia, há um amplo debate em defesa destas políticas como recursos cruciais diante dos novos desafios de proteção social desencadeados pela globalização. No América Latina, este debate é ainda incipiente, assim como as análises a respeito destas políticas. Mais recentemente, a CEPALstat publicou novos dados sobre o investimento público nas políticas de trabalho, nessa região, sob a mesma metodologia empregada pela OCDEstat. Isso permitiu a análise comparada que demonstra como tais políticas são ainda muito pouco desenvolvidas na América Latina.
No segundo ensaio, Luiz Fernando de Paula e Rafael Moura tomam aportes teóricos e analíticos do estruturalismo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) para executarem uma reconstituição histórica dos ciclos políticos e econômicos recentes na América do Sul. Atualizando tais marcos a luz dos eventos recentes na região, como o esgotamento do modelo desenvolvimentista de industrialização substitutiva de importações e a adoça o ao receituário institucional ortodoxo do Consenso de Washington, os autores interpretam a ascensão e a queda dos governos progressistas no âmbito da “Onda Rosa” através do nexo commodities-finanças, que engendrou uma pró-ciclicidade perante os ciclos exógenos a qual os países sul-americanos permanecem reféns.
Na sequencia, Linnit Pessoa e Fernanda Feil trazem uma discussão acerca do papel do Estado e do planejamento estratégico na transição verde sustentável. As autoras argumentam que o Estado tem um amplo papel nas economias de mercado. E o agente econômico capaz de trazer estabilidade, reduzir a desigualdade e traçar planejamentos visando o crescimento de longo prazo com sustentabilidade ambiental– i.e., crescimento com desenvolvimento econômico no contexto de transição climática.
O quarto artigo traz uma análise da guerra na Ucrânia sobre a hegemonia do dólar. Julia Leal e Luiz Fernando de Paula tratam do Sistema Monetário Internacional e seu cara ter hierárquico, no qual a supremacia da moeda estadunidense tem sido incontestável, ainda que sua participação nas transações entre países e como reserva de valor tenha declinado nos últimos anos. Por outro lado, a China, enquanto segunda maior economia mundial, possui um papel crucial nos fluxos de comércio e vem aumentando cada vez mais sua relevância nos mercados financeiros.
Finalmente, Pedro Txai analisa as reações de países europeus e asiáticos a deflagração da guerra russo-ucraniana. Considera-se que, se, de um lado, a emergência do conflito implicou a renovação do propósito de uma OTAN que parecia enfraquecida após a passagem de Donald Trump pela Casa Branca, do outro, explicitou os limites da capacidade de influência do bloco ocidental em um sistema internacional cada vez mais multipolar. Particularmente, avalia-se as respostas de China, India e das nações pertencentes à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), as quais não apenas não aderiram a política de sanções contra a Rússia imposta pela OTAN, como optaram por fortalecer suas relações com Moscou.
Download do boletim:
Site do GEEP: http://geep.iesp.uerj.br/