
A revista Temáticas tem a satisfação de comunicar que está aberta a chamada de manuscritos para compor o dossiê Mulheres intérpretes do Brasil (n.59/junho de 2022).
Organizadores: Profa. Dra. Arilda Arboleya (ISULPAR), Caroline Aparecida Guebert (doutoranda em História Global na UFSC), Camila Carolina H. Galetti (doutoranda no PPGS/UNB), Emilly Gabriela Menezes Franco (mestranda no PPGCS/UEM), Prof. Dr. Hilton Costa (UEM).
Período de submissão: de 01/06/2021 até 30/08/2021
Escopo: Esta proposta de dossiê se inscreve no campo reflexivo do pensamento social brasileiro e tem como objetivo reunir trabalhos que discutam interpretações do país elaboradas por autoras de diferentes áreas do conhecimento, compreendendo o potencial interdisciplinar das discussões difundidas nesse campo. Entende-se por intérprete do Brasil pessoas que em seus trabalhos formularam explicações, análises conjunturais e estruturais da sociedade brasileira, além de produções que buscaram transmitir uma ótica do Brasil por meio da literatura, das artes plásticas, da música, da poesia etc.
No rol de intérpretes do Brasil usualmente referenciado ainda são poucas as mulheres listadas. Nomes como os de Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Maria da Conceição Tavares, Conceição Evaristo, Rachel de Queiroz, Heleieth Saffioti estão sendo, apenas recentemente, incorporados ao debate de como se produziram e se produzem as interpretações do Brasil. Estas autoras possuem, evidentemente, trajetórias intelectuais diferentes, são de distintas épocas, e vêm de lugares espaciais, sociais, políticos e intelectuais também distintos. Contudo, há um ponto, pelo menos, que as aproxima: terem um espaço reduzido nos debates sobre o país em comparação aos intelectuais homens. A presença de mulheres no rol de intérpretes do Brasil ser reduzida não se dá pela ausência de suas produções, mas porque as mulheres ainda são invisibilizadas na condição de produtoras de conhecimento.
Com este dossiê, procura-se aglutinar pesquisas que colaborem com o acervo crítico e analítico de trabalhos realizados sob perspectiva de mulheres no que tange a realidade brasileira, seja a partir das perspectivas das autoras citadas como também de outras possíveis intérpretes do Brasil. Tal posição não recai sobre nenhum tipo de essencialismo. A postura aqui é a de destacar que mesmo vivendo em uma mesma sociedade, as pessoas possuem formações e experiências distintas, passíveis de suscitar modos diferentes de ver o mundo, isto é, geradoras de perspectivas específicas. Em outras palavras, experiências sociais diferentes são capazes de constituir outros olhares sobre a trajetória da sociedade brasileira. Trazer a lume intérpretes mulheres, dentre outras coisas, significa pensar a sociedade a partir de outra posição que não seja pelo sujeito e pelo olhar masculino. Portanto, construir um referencial a partir de perspectivas de mulheres contribui não somente para superar a exclusão das mulheres como agentes de produção do conhecimento, mas também para trazer novos problemas, objetos e metodologias à discussão sobre o Brasil.
A expectativa é a de que o dossiê Mulheres intérpretes do Brasil contribua teórica e metodologicamente com diversos campos disciplinares, ampliando as discussões sobre as autoras, suas perspectivas, os problemas por elas levantados e a forma como elas abordaram tais problemas. Incentivamos o envio de artigos, resenhas e entrevistas que permitam novos olhares sobre temas já difundidos no pensamento social brasileiro, assim como questões pouco trabalhadas no rol das interpretações do Brasil até o momento. Acredita-se que as interpretações realizadas por mulheres dão margem para novas inquietações e abordagens, afastando-se do viés masculinista que domina o pensamento ocidental, e que ignora ou pouco versa sobre alguns aspectos importantes na construção da sociedade brasileira. Em poucas palavras, procuramos contribuir para a ampliação do debate de temas amplamente discutidos, para a redefinição de conceitos e de formas de se construir o conhecimento e interpretar a realidade brasileira.