Dossiê: a China, sua dinâmica e seu papel no mundo pós-pandemia
Após quatro décadas de crescimento econômico ininterrupto cujos efeitos de escala e de demanda fazem-se sentir com muita força no mundo, a China experimenta os estertores de um novo momento que ao marcar profundamente a si própria, deverá moldar o mundo nas próximas décadas.
Seu processo de catching-up tecnológico, precedida pela construção de uma ampla base produtiva e soberania financeira, faz acender o sinal amarelo de muitos países, a começar pelos EUA – país este que já proclamou uma verdadeira guerra comercial e tecnológica no sentido de tentar deter o avanço do gigante asiático. Por outro lado, é inconteste a transformação deste país em uma potência não somente industrial, mas também tecnológica. Transformação esta que assenta as bases a uma proposta de interligar o mundo com imensas obras de infraestruturas sob a insignia da iniciativa da “Nova Rota da Seda”. Ressalte-se ainda que as alterações promovidas na agricultura com a implantação do sistema de responsabilidade familiar, somados aos investimentos em biotecnologia, insumos, logística e armazenagem, possibilitaram a China participar ativamente de cadeias produtivas específicas do sistema agroalimentar mundial. Deste modo, quais as determinações geoecônomicas e geopolíticas do surgimento da China como ator global de primeira ordem no sistema produtivo, financeiro e tecnológico?
Sendo epicentro da Covid-19, rapidamente demonstrou capacidade impressionante de controle interno da pandemia. Foram vários os instrumentos utilizados a este fim cabendo destaque ao uso massivo de plataformas baseadas na inteligência artificial e no big data. Como tem sido esse processo de catching-up nos setores de alta tecnologia? Quais são seus avanços, possibilidades e riscos? Quais são os elementos-chaves para a inovação na China?.
Na verdade o país tem demonstrado, desde o lançamento do Programa de Desenvolvimento do Grande Oeste (1999), passando pela reação à crise financeira de 2008 e agora diante da pandemia do Covid-19, imensa capacidade de alçar patamares cada vez mais elevados em matéria de planificação econômica. Esta capacidade é típica de uma variação de nível superior do “socialismo de mercado” ou mais um caso de sucesso de capitalismos de Estado presentes no Leste Asiático?
Por outro lado, novos aportes em matéria de planificação e desenvolvimento não podem ser desconectados de seus grandes desafios internos, entre tais as contradições de ordem social, ambiental, territorial e entre as diferentes classes sociais presentes no país. Como se movimenta internamente as classes sociais? E o desafio ambiental e o da construção de um Estado de bem-estar com características chinesas?
Este dossiê da Revista Geosul busca reunir artigos que intentem lançar luzes sobre as múltiplas determinações do processo de desenvolvimento chinês. Um escopo amplo de questões devem buscar síntese, algumas já levantadas. O mais importante será uma grande reunião de artigos que contemplem perguntas e respostas às mais variadas questões e implicações em torno daquele processo único de desenvolvimento.
PRAZOS PARA SUBMISSÃO: A submissão de trabalho começa no dia 02 de maio, encerrando-se no dia 08 de setembro. A montagem da revista deverá ocorrer no mês de novembro com lançamento previsto para o mês de dezembro de 2020. As submissões deverão ocorrer no site da revista: https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/index
Para dúvidas entrar em contato pelo email: geosul@cfh.ufsc.br