Rio de Janeiro – Entre os anos de 2015 e 2020 foram mapeados 43 assassinatos de atores políticos na Baixada Fluminense. É o que aponta a pesquisa ‘Violência e Política na Baixada Fluminense’, que foi lançada pelo Youtube.
O estudo consolidado como uma publicação digital, foi desenvolvido por pesquisadores do Observatório de Favelas, da Universidade Federal Fluminense – UFF e da Universidade Witwatersrand – WITS, da África do Sul, com apoio da
Fundação Heinrich Boll, e analisou casos de violência letal cometida contra lideranças, ativistas, representantes e gestores políticos na Baixada Fluminense no período de 5 anos.
“A pesquisa mostra a grande recorrência da violência e do poder de matar como instrumento da política na Baixada Fluminense. Os dados que analisamos ajudam a compreender uma realidade que produz imensos obstáculos para o exercício da democracia na região. Isto é fundamental para que se pense em caminhos para romper o domínio de elites políticas e econômicas violentas e autoritárias e seus modos de apropriação do Estado.” afirma André Rodrigues, Coordenador Geral da Pesquisa «Violência e Política na Baixada Fluminense».
A pesquisa revela ainda que as eleições de 2016 foram as mais violentas no período analisado na região. Os municípios com mais casos de mortes foram Nova Iguaçu e Seropédica, seguidos de Duque de Caxias, Magé e São João de Meriti. No que se refere à atuação política das vítimas, a maior parte das mortes se vincula ao cargo de vereador, em
sua maioria homens.
De acordo com os pesquisadores, a metodologia utilizada neste estudo foi o levantamento de casos de violência política letal registrados em jornais de grande circulação e pesquisas complementares na internet. Foi realizada ainda análise de dados de candidaturas disponíveis no banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral e entrevistas.
“A pesquisa foi realizada a partir de uma combinação de metodologias quantitativas e qualitativas. Em muitos casos não conseguimos acessar informações básicas e relevantes sobre as vítimas, como cor, idade, partido, dinâmica da morte. Isso por si só revela bastante sobre o fenômeno, pois ao mesmo tempo em que demonstra como o que acontece na Baixada tem baixa visibilidade midiática, também alimenta essa economia dos assassinatos políticos, uma vez que quanto menor a repercussão, menor a pressão sobre as instituições responsáveis e menores as respostas sobre andamento das investigações.” destaca Leandro Marinho, um dos autores da publicação e pesquisador do Observatório de Favelas.